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LEVANTEI-ME DO CHÃO 

a partir de Levantado do Chão de José Saramago

 

SINOPSE

Levantamos o pó dos tempos, levantamos um livro bem lá no alto, levantamos ainda cabeça e o corpo, e acima de tudo tentamos levantar-nos como comunidade. Um músico de hoje conta e canta as histórias do livro – Serão necessárias novas músicas de intervenção? – Numa conversa franca com o espectador vamos descobrindo a musicalidade nas palavras e nas ideias de Saramago. Aqui reflete-se sobre a democracia – que mundo queremos afinal? E tudo isto num concerto. Um solo de um contador de histórias carregado da memória afectiva da leitura e da importância dos conhecedores da obra do Nobel, ou um músico de canções avulsas oriundas das palavras de saramago e, ainda, um actor submerso num texto inédito e assumidamente fragmentado. Um espectáculo baseado no livro onde se diz – à laia de mito –  que o autor descobriu o estilo saramaguiano de narrar.

FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA

CRIAÇÃO, DRAMATURGIA, COMPOSIÇÃO MUSICAL E INTERPRETAÇÃO Carlos Marques APOIO À CRIAÇÃO Susana Cecílio  DISPOSITIVO CÉNICO Nuno Borda de Água COMPOSIÇÃO MUSICAL João Bastos VÍDEO Rodolfo Pimenta DESIGNER GRÁFICA Susana Malhão | FOTOGRAFICA DE CENA Município de Montemor-o-Novo PRODUÇÃO NA CRIAÇÃO Candela Varas RESIDENCIA ARTÍSTICA Espaço do Tempo PRODUÇÃO ALGURES COLECTIVO DE CRIAÇÃO APOIOS Secretaria de Estado da Cultura - Direcção Geral das Artes; Município de Montemor-o-Novo, Fundação José Saramago.

DURAÇÃO

70M (APROX)

CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA

M12

 

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SOBRE O ESPECTÁCULO

Informações sobre a Companhia/Texto/Encenação/Outros

LEVANTEI-ME DO CHÃO é um espectáculo de teatro que faz parte de RISE-UP, um projecto de Susana Cecílio e de Carlos Marques em 3 capítulos autónomos, sobre a obra Levantado do Chão de José Saramago. O primeiro capítulo intitulou-se de Como assim levantados do chão (estreado em 2014), agora lançamo-nos sobre LEVANTEI-ME DO CHÃO e fica registado o desejo de num futuro próximo lançarmo-nos sobre o desafio do terceiro e último capítulo que será a adaptação do romance para teatro.

LEVANTEI-ME DO CHÃO é uma colagem de textos de Carlos Marques a partir de Levantado do Chãode José Saramago e outros textos e entrevistas.Inspirado pelas palavras de Rui Pina Coelho (Fall Collection e No meio de uma manifestação); de José Gil (Portugal Hoje, O Medo de Existir); de Fernanda Cunha (A paisagem e as palavras que lá estão); de Pilar Del Rio aquando da sessão comemorativa dos 30 anos da obra; pelos filmes Network de Sidney Lumet e Asas do Desejo de Wim Wenders e Peter Handke; pela música de Gilberto Gil, Zeca, Zé Mário, Fausto, Sérgio Godinho... entre tantos outros. 

Carlos Marques | criação, interpretação e músico  Confundido por vezes com o seu homónimo alemão, Carlos Marques é licenciado em Estudos Teatrais pela Universidade de Évora. Estudou no Institut del Teatre de Barcelona. É actor desde sabe-se lá!, e foi criador de: Rise up I - Como Assim Levantados do Chão (Miguel Castro Caldas, 2014), Abril em Portugal (Helder Costa), Constantin Gavrilovitch Acaba de se Matar (Rui Pina Coelho, 2013), BAQUET (2012), Tio Lobo (2011) Welcome (2011), Às vezes quase me acontecem coisas boas quando me ponho a falar sozinho (RPC, 2010) e Narrativa Fidedigna (2010). Assume-se como contador de histórias contado e cantado entre e fora de fronteiras.
 
A ALGURES, Colectivo de Criação

A ALGURES é uma associação sem fins lucrativos que promove os projectos dos artistas associados. O território que ocupa está na singularidade de cada um dos seus colaboradores. Entre 2008 e 2013 a sua principal actividade incidiu na área da formação artística, gerindo o Espaço Evoé. Em 2014 a ALGURES vira a página na sua história e assume-se principalmente como entidade de criação de espectáculos, dedicando-se também à programação de projectos transdisciplinares na área do teatro, narração oral, spoken word e da mediação cultural.

 

VIDEOS
Promo curta de 38 segs (
https://www.youtube.com/watch?v=e8zKhYsmQfs)
Promo longa de 5m (
https://www.youtube.com/watch?v=bRY8PpWl8b4 )

 

TEXTO DE ENCENAÇÃO

Levantado do chão de José Saramago é um daqueles livros, pá!

Saramago um dia afirmou, numa entrevista conduzida por Ernesto Sampaio, que se imaginava “a contar este Levantado do Chão a um grupo de pessoas, lá no Alentejo, ou aqui em Lisboa, ou em qualquer outro lugar, a contar em voz alta, voltando atrás quando apetecesse, metendo pelo meio coisas da sabedoria popular, ditados (...) e se entre essas pessoas houver analfabetos, essa será a grande prova. É maior dever do narrador contar e bem claro. Amanhã, noutro lugar contaria a mesma história, mas diferente, sempre diferente, outros ditos, outras voltas, outros caminhos. Haveria de ter sua graça experimentar, mas, não podendo ser, aí fica o livro em sua forma de livro e aparente invariabilidade.” Desde que o li sempre me imaginei assim... a contá-lo e a cantá-lo em voz alta! 
Este é um solo de um contador de histórias que gosta de estar ali.
Um solo de um músico de intervenção.
Um solo de actor que se inquieta com o estado das coisas. 
Este é um trabalho de uma equipa séria e divertida.
Este é um regresso a uma casa onde tudo foi intenso. Uma casa que foi abandonada e que está fechada apanhando pó. Uma casa cheia de utopias – até parece uma palavra distante. Quando era miúdo agarrava na guitarra e tocava as músicas do Zeca, do Fausto e do Godinho com aquele desejo ter vivido aqueles tempos. E questionava-me se naquela altura eu teria tido a lucidez para me aperceber para saber de que lado da trincheira devia estar.
E agora? Falemos do agora.
Será que entretanto entaiparam a casa que não tinha muros no jardim?
Será que em cada instante sabemos de que lado da trincheira estamos.
Será que conseguimos sempre pensar pela nossa cabeça?
Será que estamos sempre certos e centrados nas nossas opções?
Será que existe esse questionamento, ou essa vontade?
Em situações delicadas politicamente vamos sempre lá atrás buscar os hits das lutas passadas para tentar galvanizar uma massa (conformada) que não tem curiosidade de saber para onde nos estão a puxar. Trazemos para o presente essas músicas porque nos identificamos ou, talvez, porque já são património de uma união em épocas difíceis/vitoriosas – é mais fácil assim, dirão uns.
Mas dessa forma não se banalizarão as épocas, a luta e a própria música?
E será que as lutas de hoje são as mesmas de então?
Seremos nós como os nossos pais?
Serão precisas novas músicas e mais do que isso novos heróis artistas nestes tempos confusos. Não que queira inscrever o meu nome como herói - talvez em sonhos gostasse dessa ideia, mas não fui talhado para isso -, apenas vou fazendo a minha parte. Porém, talvez a arte devesse ter essa função. Essa inscrição! Talvez seja necessário que ela perca tudo... que ela passe por uma carestia! Talvez para sermos heróis tenhamos de estar ainda mais F**** já me faltam as palavras. Primeiro temos de fazer o que não queremos para depois fazermos o que realmente queremos? Que mundo queremos afinal?
Parafraseando Fausto Bordalo Dias “a ditadura proletária já morreu, mas nasceu a ditadura dos mercados.” E se eu tivesse a oportunidade de conhecer estes tais senhores dos mercados apenas lhes poderia dizer: A MINHA GUITARRA É CONSTANTE E ROSNA! É tempo de levantar do chão!

Carlos Marques, 2015

"Acho que do chão se levanta tudo, até nós nos levantamos. E sendo o livro como é - um livro sobre o Alentejo - e querendo eu contar a situação de uma parte da nossa população, num tempo relativamente dilatado, o que vi foi todo o esforço dessa gente de cujas vidas eu ia tentar falar é no fundo o de alguém que pretende levantar-se. Quer dizer: toda a opressão económica e social que tem caracterizado a vida do Alentejo, a relação entre o latifúndio e quem para ele trabalha, sempre foi - pelo menos do meu ponto de vista - uma relação de opressão. A opressão é, por definição, esmagadora, tende a baixar, a calcar. O movimento que reage a isto é o movimento de levantar: levantar o peso que nos esmaga, que nos domina. Portanto, o livro chama-se Levantado do Chão porque, no fundo, levantam-se os homens do chão, levantam-se as searas, é no chão que semeamos, é nos chão que nascem as árvores e até do chão se pode levantar um livro”

  José Saramago in o Tempo 1981

 

Links com info

https://riseupprojecto.wordpress.com/

http://aalgures.wix.com/algures

https://www.facebook.com/riseup.projecto/

 

 

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